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Greve requer olhar diferenciado do agricultor na correção do solo

Empresas do agronegócio e produtores rurais devem ficar atentos. A greve dos caminhoneiros ameaça afetar o planejamento na aplicação do calcário agrícola. Sem o insumo, a produtividade corre riscos.

Indústrias do segmento de calcário agrícola no Estado de São Paulo estão sem fazer entregas. Há relatos de 3 a 5 dias parados, por conta do movimento que afeta as estradas.

Mesmo o anúncio de um acordo com o governo não fez com que os caminhões levando calcário pudessem circular, notadamente no interior paulista. A orientação é que os motoristas aguardem novas informações, antes de iniciar uma viagem levando o insumo.

O pico de consumo de calcário ocorre entre junho e outubro. A aplicação corrige a acidez do solo, que é uma ocorrência comum no Brasil. Solo corrigido apresenta melhor rendimento das plantas, e a colheita é mais farta.

O frete tem grande peso na planilha de custos do setor. O valor é um dos itens em discussão no movimento paredista. O presidente do Sindical, João Bellato Júnior, recorda que o óleo diesel é um dos itens monitorados pela indústria de calcário também no que se refere ao trabalho realizado nas jazidas.

Cana e laranja

Os principais clientes do calcário em SP vivem incertezas. A Agrocsonsult apresentou estudo neste dia 28 de maio sobre os impactos para cada cultura. Numa escala de quatro níveis, a cana-de-açúcar apresenta estágio “grave”, o mais preocupante no estudo. Já a laranja está no patamar de preocupação “elevado”.

Jairo Hanasiro, engenheiro agrônomo especializado em solos, avalia: “Caso este cenário se prolongue por muito tempo, as grandes áreas poderão ter que rever as suas programações de aplicação para se adequarem às operações de campo”. Mas, independente do tamanho da área cultivada, Hanasiro recomenda buscar consultoria técnica.

“Vínhamos de um cenário difícil, por conta da estiagem dos últimos 60 dias”, relata João Bellato Júnior, que torce por uma saída negociada e rápida. “O brasileiro sofre por falta de produtos na mesa. E também corremos o risco de perder espaço no mercado internacional”, diz Bellato.

“Toda a cadeia do agronegócio sofre expressivo impacto e, mesmo com o término imediato do movimento grevista, ocorreram prejuízos que dificilmente serão recuperados. É notório que o movimento também tem um viés político e pensamos que isso já se encontra exposto, ou seja, os caminhoneiros demonstraram a imensa força de sensibilização junto à sociedade e ao governo, razão pela qual, a sua manutenção traduz e resulta, neste momento, sofrimento apenas à sociedade, diz Euclides Jutkoski, diretor executivo do Sindical.

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