De olho na sustentabilidade, Quaggio apresenta ”Citros: 100 toneladas”
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Um dos destaques da Semana da Citricultura, realizada em Cordeirópolis (SP), foi o lançamento do projeto “Citros: 100 toneladas”. O objetivo é buscar uma produção citrícola sustentável.
O projeto foi apresentado por José Antônio Quaggio, um dos principais pesquisadores da área de calagem no Brasil. O site do Sindical acompanhou a fala de Quaggio durante o evento em Cordeirópolis.
“Esta é minha 39ª palestra em 40 edições da Semana de Citricultura”, lembrou o pesquisador. O evento marcou ainda os 90 anos de existência do Centro de Citricultura “Sylvio Moreira”.
Segundo Quaggio, o projeto desenvolverá ações sustentáveis que garantam alta produtividade, com qualidade na fruta. “Nossa base virá das boas práticas de manejo de água e nutrientes por fertirrigação, além de validar novas tecnologias”, contou.
O uso de material genético de copa e de porta-enxerto responsivos aos principais fatores de produção será um dos itens do projeto. O planejamento de espaçamentos nos pomares é outra questão a ser analisada. “O adensamento atual tem me deixado preocupado”, revelou, durante a apresentação.
A orientação de plantio e o preparo inicial do solo são outros itens focados no “100 toneladas”. Um dos objetivos é a regularidade, o que deixará o produtor menos tenso. Segundo ele, esse número já foi atingido num hectare, mas seguido de oscilações e muitas vezes sem os preceitos da sustentabilidade.
Pelo menos uma área-piloto já está desenvolvendo a ação, numa propriedade da Cambuhy Agrícola. “Entre os benefícios presentes estão os ganhos de produtividade e qualidade de fruta pela transferência direta de tecnologias inovadoras. Os participantes ainda poderão integrar grupos de discussão e o acompanhamento do desenvolvimento tecnológico”, contou Quaggio.
Orientações técnicas para manejo das áreas-pilotos e diagnósticos das demandas por água e nutrientes também serão contemplados.
Clima
O estudo abordará o efeito das mudanças climáticas na citricultura, lembra o pesquisador do IAC, Dirceu de Mattos Júnior, que, ao lado de Quaggio e Rodrigo Boaretto, integra a ação.
Ao site do IAC, Mattos cita que a ocorrência de mudanças gera o aumento da radiação luminosa e da temperatura do ar nas principais regiões citrícolas de São Paulo e no Triângulo Mineiro. Produtividade e qualidade da fruta são afetadas, num cenário que se deteriora com o déficit hídrico.
“Relatórios recentes nessas regiões mostram prejuízos à produção, com a redução cerca de 30 milhões de caixas a cada ano, o que corresponde a um valor estimado anual de aproximadamente R$ 540 milhões, associados então às temperaturas altas ocorridas nos meses de outubro de 2013 a 2016”, afirmou Mattos.
O projeto está atrelado ao Grupo de Nutrição e Fisiologia dos Citros, do instituto. Interessados em integrar o estudo podem entrar em conta com o IAC.