Consumo de calcário sobe 18% em SP e mostra agricultor de olho nos custos
O consumo de calcário no agronegócio paulista subiu 18,1% no ano passado, quando comparado a 2020. A aplicação de mais de 5,3 milhões de toneladas do corretivo agrícola mostra o agricultor do estado de olho nos custos da lavoura e da pecuária.
Ao mesmo tempo, sinaliza que a qualidade das terras está entrando cada vez mais no radar do empresário. O custo das áreas comercializadas e arrendadas apresentou uma elevação no estado.
“A indústria sucroalcooleira é responsável, em grande parte, por esse aumento no consumo de calcário. A produção de etanol voltou a ser atrativa”, afirma João Bellato Júnior, presidente do Sindicato das Indústrias de Calcário e Derivados para Uso Agrícola do Estado de São Paulo (Sindical).
A produção do corretivo no estado também apresentou elevação próxima de 18%. A indústria paulista de calcário chegou a adotar o terceiro turno, com funcionamento à noite, para atender aos pedidos. No ano passado, o setor produziu pouco mais de 4 milhões de toneladas de calcário, ante 3,4 milhões no ano passado.
Parte da produção ajudou os agricultores a reduzirem os custos. Quando aplicado com suporte técnico, o calcário corrige a acidez do solo. Assim, amplia o potencial do fertilizante, insumo que apresentou elevação significativa de preços em função da variação cambial no Brasil.
Também melhora a produtividade da área plantada e combate o estresse hídrico. São Paulo vivenciou uma estiagem intensa no ano passado.
“Também temos visto as usinas de cana buscando áreas de plantio perto da fronteira do estado. Parte delas e alguns trechos paulistas eram utilizados como pastagem, estando com o solo bastante acidificado. A correção da acidez é necessária para o plantio, além de trazer um ganho também na questão ambiental”, relata Bellato, que comentou sobre esse fato na seção “Palavra do Presidente” – clique aqui.
A avaliação do presidente aponta outra preocupação do produtor, agora a médio prazo: o patrimônio. Terras ácidas ou afetadas pela erosão representam perda para o agricultor.
Os principais clientes da indústria de calcário continuam sendo o setor sucroalcooleiro e a citricultura. O plantio de soja tem avançado em São Paulo, e a aplicação de corretivos se mostra necessária para que ocorram bons resultados.
Bellato estima que o consumo em 2022 deve crescer perto de 30%. Porém, a alta no volume comercializado e nos preços do calcário não representou melhores resultados para o setor.
Os custos também pressionam a indústria. Monitoramento do Sindical aponta que itens usados na produção chegaram a ter elevação anual de 62% nos preços.