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Secretário Arnaldo Jardim defende ampliar assistência técnica no campo

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Arnaldo Jardim disse que calcário é fundamental para agricultura 
Foto: Divulgação

Intensificar as atividades de assistência técnica e extensão rural, por meio de metodologia, práticas demonstrativas de tecnologias e parcerias com instituições do setor. As práticas reforçarão os ganhos econômicos, sociais e ambientais decorrentes da utilização do calcário agrícola junto aos produtores rurais, principalmente os pequenos e médios produtores.

As avaliações são de Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Ele concedeu entrevista, via e-mail, ao site do Sindical (Sindicato das Indústrias de Calcário e Derivados para Uso Agrícola do Estado de São Paulo).

Também defendeu a ampliação do uso do calcário na agricultura. O secretário afirmou que cenário orçamentário de sua pasta é de restrições, como em outras áreas em todo o Brasil.

Arnaldo Jardim é engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP (Poli/USP). Foi Secretário de Estado da Habitação (1992/1993).

Como deputado estadual e federal, atuou em projetos de lei sobre temas como resíduos sólidos, serviços ambientais, erradicação da fome e cooperativismo.

A entrevista contou com o apoio da Assessoria de Comunicação da secretaria.

Sindical – Como o secretário vê a importância do calcário para a Agricultura?

A importância da técnica da calagem é fundamental para o desenvolvimento da agricultura, pois são inúmeros seus benefícios, destacando-se: a) a elevação do pH do solo e a neutralização do alumínio tóxico, que é prejudicial ao desenvolvimento das raízes das plantas; b) o fornecimento de cálcio e magnésio às plantas; c) o melhor aproveitamento de nutrientes, como nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre e molibdênio; d) o aumento da capacidade de troca de cátions, com liberação de sítios de cargas negativas dos colóides do solo, o que permite a atração de outros nutrientes, reduzindo a lixiviação; e) o aumento da atividade microbiana e a liberação de nutrientes da matéria orgânica do solo. Todos esses benefícios, em conjunto, resultam em aumento da produtividade das culturas.

Sindical – O micro e pequeno agricultor têm conhecimento da necessidade da correção de solo? Atualmente a Secretaria possui algum mecanismo de comunicação ou divulgação para os produtores, a respeito da correção de solo?

A calagem, ou a aplicação do calcário agrícola no solo, é uma operação conhecida há anos pelos agricultores paulistas através de campanhas, publicações específicas sobre o tema, dias de campo, demonstração de métodos de aplicação, palestras, cursos e pesquisas científicas voltadas para o tema em questão. A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, através das Casas da Agricultura espalhadas pelo território paulista, presta assistência técnica aos produtores rurais do Estado levando ao produtor a orientação necessária para proceder todas as etapas da recomendação da utilização do calcário agrícola, como, metodologia de coleta de amostras de solo, interpretação de análises, recomendação de tipo e quantidade de calcário que será utilizado, bem como métodos apropriados de aplicação.

Sindical – Sabe-se que adubar sem corrigir o solo impede que os nutrientes do fertilizante sejam plenamente absorvidos pelas plantas. O Sr. acredita que os produtores agrícolas possuem esse conhecimento?

Em um universo de mais de 330.000 propriedades agrícolas no Estado de São Paulo, 50,0% utilizam assistência técnica governamental e 30% privada, significando que 80% das propriedades se utilizam de assistência técnica, portanto perante esse panorama possivelmente alguns agricultores desconhecem os benefícios da utilização do calcário agrícola, embora estejam à disposição desses produtores paulistas todas as informações necessárias para que o mesmo possa se orientar a respeito da utilização desse insumo de fundamental importância para a agricultura.

Sindical – Qual é a perspectiva do Secretário para essa safra agrícola e qual sua perspectiva para o setor de etanol, açúcar e citrícola para o Estado de São Paulo?

Serão 70 unidades processando 625 milhões de toneladas de cana, com produção de 33,80 milhões de toneladas de açúcar e 28,10 bilhões de litros de etanol. É o principal produto agrícola paulista, responsável por quase 50% do valor total da produção agropecuária do Estado. De acordo com relatório deste ano da Organização das Nações Unidas, o Brasil é o quarto país em capacidade instalada de produção de etanol de segunda geração. Nós ficamos atrás apenas de Estados Unidos, China e Canadá. Hoje, a capacidade instalada brasileira é de 177,34 milhões de litros, o que representa 12% do total instalado no mundo. Único país sul-americano a investir neste tipo de tecnologia, o Brasil tem capacidade para produzir 10 bilhões de litros de etanol 2G até 2025. É preciso também destacar o potencial que o setor tem em gerar bioeletricidade. Em 2015, a oferta de energia obtida da biomassa teve crescimento estimado de 7%, com um total de geração de mais de 22 TWh, o que equivale ao abastecimento de 11 milhões de residências durante um ano inteiro.

O Estado de São Paulo é referência na produção nacional de frutas. Dados do nosso Instituto de Economia Agrícola (IEA) mostram que, em 2014, foram produzidas mais de 15.171 toneladas de frutas, gerando uma receita de R$ 6,7 bilhões. A laranja para indústria representa 64% da produção paulista, com 9.666 toneladas e movimentando R$ 2,1 bilhões, seguido da produção de laranja de mesa, com 14%, e banana, com 6%.

Sindical – Apenas 36% dos agricultores fazem análise de solo, segundo o censo agropecuário de 2008 no Estado. A análise de solo é necessária par a prescrição de sua correção. Quais são as ações ou programas da Secretaria para que tenhamos mais agricultores realizando análise de solo com habitualidade?

É imprescindível intensificar as atividades de assistência técnica e extensão rural, por meio de metodologia, práticas demonstrativas de tecnologias e parcerias com instituições do setor, que destaquem os ganhos econômicos, sociais e ambientais decorrentes do emprego da utilização do calcário agrícola junto aos produtores rurais, principalmente os pequenos e médios produtores.

Sindical – No passado houve um programa de microbacias hidrográficas no qual as Casas da Agricultura incentivavam os produtores à prática da calagem, como forma de otimizar o uso do solo e consequentemente a preservação de APP. Qual análise o sr. faz desse item?

O programa Microbacias que houve no passado foi ampliado, e a sua 2ª versão está em plena execução, é um contrato com o Banco Mundial de aplicação de mais de 100 milhões de reais com foco nas pequenas propriedades rurais, chamado de Microbacias II.

Além do Microbacias II também temos o Programa Integra SP, Programa coordenado pela nossa Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI e que dentre outras ações além de ações de orientação e apoio para correção do solo, via Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista – FEAP, disponibiliza até 200 mil reais para ações de correção do solo e projetos de calagem por produtor. A linha de financiamento a juros subsidiados pelo governo do estado está à disposição para todos os produtores paulistas.

Sindical – Como o secretário vê a atual estrutura da sua Pasta, e quais as prioridades diante desse cenário e do orçamento que o Estado disponibiliza para a agricultura?

Manter São Paulo como centro da produção do conhecimento do setor agropecuário no País é uma das metas da atual administração. Para isso, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) estabeleceu algumas diretrizes: ênfase à sustentabilidade – trabalhar harmonicamente produção e meio ambiente; apoio ao pequeno produtor, levar conhecimento tecnológico ao agropecuarista e trabalhar pela busca da qualidade, segurança e saudabilidade dos alimentos. O incentivo ao desenvolvimento está presente em todas as cadeias do agronegócio, principalmente o emprenho na recuperação e fortalecimento do setor sucroenergético. Frente a um cenário de restrição orçamentária, que é o cenário brasileiro atual, tem focado em quatro eixos que são:

Primeiro: no campo da sustentabilidade, com prioridade ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) / Programa de regularização Ambiental (PRA), o Programa Nascentes e o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) paulista;

Segundo: apoio ao pequeno e médio produtor, principalmente com o trabalho da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), mediante a implantação do Programa Microbacias II Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável (PDRS);

Terceiro: articulado com a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios(APTA), implantar os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), em parcerias com o setor privado. As Câmaras Setoriais, em plena atividade, ajudam na definição destas prioridades de pesquisa e inovação.

Quarto: a qualidade, segurança e saudabilidade dos alimentos: uma visão da indústria alimentar, com dados técnicos e científicos, em contraposição aos mitos e preconceitos sobre os alimentos processados, inclusive no monitoramento de resíduos.

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