Custos e pós-incêndios nos canaviais: SP inicia período de maior consumo de calcário de olho nos números

O estado de São Paulo inicia o período de maior consumo de calcário em suas culturas agrícolas. Dois terços do volume anual do produto são aplicados entre maio e outubro. Essa operação que corrige a acidez do solo exigirá do produtor rural análise dos números, já que os custos estão pesando nas contas.

Estresse hídrico, insumos – como os fertilizantes – e os incêndios nos canaviais em setembro do ano passado influenciam a tomada de decisão. O Sindicato das Indústrias de Calcário do Estado (Sindical) aponta uma estabilidade no consumo paulista, na comparação entre os 2 últimos anos. Em 2024, a aplicação de calcário atingiu 5,044 milhões de toneladas, ante 4,944 no ano anterior.

“O setor canavieiro reduziu investimentos. Porém, esse setor terá que rever as práticas, já que houve incêndios em vários pontos de plantio no ano passado. Esperamos que essa retomada traga um olhar para a fertilidade do solo”, afirma João Bellato Júnior, presidente do Sindical e da Abracal (Associação Brasileira dos Produtores de Calcário).

No Fórum sobre Corretivos de Solos, realizado pela Abracal e Sindical em março último, especialistas apontaram a necessidade da correção da acidez do solo quando da implantação das culturas e no Sistema de Plantio Direto.

“O estresse hídrico é outro complicador nesse cenário”, diz Bellato, que espera agora uma elevação de 10% no consumo de calcário ante 2024.

“A gente se acostumou à soja a R$ 198”

As estatísticas divulgadas pela Abracal apontam que estados com maior uso de calcário seguem ampliando a produtividade na mesma área plantada. O Brasil consumiu 59,6 milhões de toneladas de calcário no ano passado, ainda distante dos 80 milhões mínimos estimados pelos especialistas. São Paulo repete essa defasagem de aproximadamente 30% no consumo.

O calcário ajuda a reduzir os custos na lavoura. Um exemplo disso são os fertilizantes, que rendem mais quando usados após o calcário.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesp) divulgou levantamento apontando aumentos na comparação anual. O fertilizante formulado 05-25-20 teve alta de 26,9% e o tipo 05-25-25, elevação de 22,9%. Já o MAP granulado estava 34% mais caro em abril último.

“A gente se acostumou a soja a R$ 198 a saca. Isso não se manteve, além do que nossos custos crescem. Uma das alternativas é usar calcário incorporado ao solo”, diz Rodrigo Gazola, que planta soja e sorgo na região de Campinas (SP). A aplicação de insumos deve ocorrer após uma avaliação técnica dos resultados da análise de solo.

Clique aqui e veja os números do consumo de calcário em São Paulo e no país.

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