Sindical Quaggio 009

“Consumo de calcário deveria ser maior”, diz professor Quaggio

 

Sindical Quaggio 009Consumo de calcário tem subido menos que o de fertilizantes, em termos percentuais
Foto: Divulgação

Já acompanhou a primeira parte da entrevista do site do Sindical com o professor José Antônio  Quaggio, um dos mais renomados pesquisadores sobre correção do solo? Ainda não? Então veja aqui.

Se já viu, confira a seguir a segunda parte. O professor e pesquisador fala sobre as duas principais culturas agrícolas paulistas, a cana-de-açúcar e a laranja, e como está o cenário para elas.

Ainda avalia o consumo de calcário no Brasil. Deveria ser maior, ampliando também os resultados dos fertilizantes, segundo ele.

Veja a seguir a segunda parte da entrevista.

Sindical – O estado de São Paulo ainda tem a citricultura e a cana de açúcar como pontos fortes no agronegócio. Essas duas culturas vivem cenários bastante preocupantes, afetando também o consumo de calcário. Como o sr avalia os próximos passos nesses setores?

Aí a questão é mercadológica. São duas culturas altamente responsivas á correção de acidez de solo. Cana e laranja vivem grandes dificuldades. Acho que a laranja sai da crise antes que a cana; a citricultura já deu sinais de recuperação. Agora, o governo federal trata o setor sucroalcooleiro como capitalista, escravagista, uma análise ideológica. Estão comprando gasolina cara no exterior para vender mais barata no país para manter-se no poder. Com isso, estão quebrando a Petrobrás e o setor, além de endividar o país. É uma visão errônea de governo.

Sindical – O sr é favorável à adoção de políticas públicas que incentivem a aplicação do calcário?

Para o calcário, basta ter crédito. Vejo que pelo menos uma coisa boa está ocorrendo no Brasil: há crédito para o Plano de Safra Nacional. Isso é muito importante, Na verdade, como a calagem dura pelo menos 3 anos, o calcário não é considerado um investimento no insumo da agricultura. Calcário é um investimento de curto prazo que você tem que depreciar em 3 safras. Por isso é importante ter crédito com um pouco mais de prazo para agricultor depreciar não só numa safra, mas ao longo de 3 safras.

E isso tem ocorrido, ajudando a aumentar o consumo de calcário e fertilizantes. Os gráficos mostram isso.

Mas a produção agrícola em solos pobre como no Brasil só se sustenta se você corrigir muito bem a acidez e colocar fertilizante. Sem os dois, não vai para frente.

Sindical – Tecnicamente sabemos que o calcário ajuda a ampliar o efeito dos fertilizantes. Esse atrelamento tem ocorrido?

O consumo de calcário tem subido menos que o de fertilizantes, em termos percentuais. Deveria ser o contrário. Estamos consumindo fertilizante e calcário no mesmo patamar.

Deveríamos estar com duas partes de calcário para uma de fertilizante. A cada tonelada de fertilizante consumido aplicaríamos duas de calcário. Hoje estamos com 10 ou 20% a mais. Há espaço para crescer a aplicação dos dois, mas o maior desafio é aumentar mais o consumo de calcário.

Sindical – Mas em que tipo de propriedade esse consumo tem que crescer?

Tem que crescer na agricultura familiar, onde muitas vezes uma tonelada de calcário é muito para um pequeno produtor. Mas é importante para ele fazer a correção. Tenho foto de uma experiência de campo feita em Itararé. Você quer ver o que é acidez?

(Nesse instante o professor mostra uma foto da ação, feita em áreas vizinhas).

Mesma semente, mesma adubação, mesmo tudo, só não tem correção de acidez em uma das áreas. Onde não tem correção produziu 300 kg de milho por hectare e aqui (apontando área corrigida) foram 9 mil kg por hectare.

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