Construção do perfil do solo ajuda a enfrentar estiagem; a calagem é uma das práticas
O estado de São Paulo sofre com a falta de chuvas, calor excessivo e a baixa umidade do ar. As queimadas criminosas também complicam o cenário. Aí, já surgem os primeiros sinais de recuo na produtividade do agronegócio paulista.
Para o engenheiro agrônomo Jairo Hanasiro, parte da solução passa pela construção do perfil do solo em profundidade, incluindo práticas como a calagem – com uso de calcário e fertilizantes. O produtor rural também precisa se planejar e buscar orientação técnica.
Assim como grande parte do país, São Paulo possui um solo ácido, o que, em condições climáticas normais, já exigiria a adoção dessas práticas. Porém, a estiagem desafia ainda mais o agronegócio.
O Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais (Cemaden) já considera que esta é a maior estiagem registrada no país desde o início do monitoramento, em 1950. Só no estado de São Paulo, ela atinge 641 dos 645 municípios.
“Nesse cenário, a abordagem deve ser sistêmica. Temos que pensar mais objetivamente na construção do perfil de solo em profundidade, abaixo da camada arável de 20 cm, para impulsionar o desenvolvimento de raízes na exploração de uma camada de solo mais profunda”, afirma Jairo Hanasiro, que também é especialista em nutrição de solo e fertilidade de plantas.
O desenvolvimento do sistema radicular em profundidade amplia o aproveitamento dos nutrientes minerais. “Isso reduz, por exemplo, o impacto da perda dos nutrientes que lixiviam pelo perfil de solo, além de trazer maior resistência às culturas nos períodos de estiagem e aumentar a matéria orgânica no solo”, diz.
É possível ter maior lucratividade
Mesmo diante das incertezas, é possível investir na ampliação da produtividade e da lucratividade no agronegócio. A construção do perfil do solo seguirá necessária, inclusive para evitar desperdícios.
“O produtor rural deve procurar orientação técnica e fazer a análise de solo. O resultado da análise guiará as medidas a serem tomadas, incluindo a recomendação correta de calagem e a adubação mineral daquela área”, reforça. “Esse pacote de iniciativas reduzirá os impactos da seca nas culturas”.
Para o presidente do Sindical, João Bellato Júnior, o calcário vai além da disponibilização de cálcio e magnésio nas plantações. “O calcário influencia a questão financeira também. Ele tem um custo baixo e corrige a acidez do solo, ampliando os efeitos dos fertilizantes, que são mais caros”, avalia.
Estudo da Federação da Agricultura do Estado (Faesp) mostrou que a tonelada do fertilizante 04-14-08, que tem ingredientes importados, custava perto de 9 vezes o valor da tonelada do calcário. Os dados são de julho desse ano e levam em conta os insumos agrícolas já com os valores relativos a frete.