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Calcário, adubo e dólar: entenda como o produtor pode estar perdendo dinheiro

O produtor brasileiro muitas vezes pensa nos itens que compõem sua planilha de custos de forma separada. Porém, os dias de economia estagnada pedem uma nova visão sobre os negócios. Fazer a relação entre os fatores que afetam as contas do agronegócio se torna medida quase obrigatória.

Nesse momento, é importante relacionar três itens presentes no cotidiano operacional e de gestão da propriedade: a cotação do dólar, os adubos e o calcário agrícola. Se a equação envolvendo esses itens não for equilibrada, os lucros, cada vez mais apertados num mercado altamente competitivo, tendem a se perder ao longo da cadeia produtiva.

Isso porque as plantações aproveitam de forma bastante reduzida adubos aplicados em solos ácidos. Grande parte das propriedades do Brasil é composta deste tipo de solo. Com isso, os efeitos da adubação se mostram tímidos se o pH da terra não for corrigido com a aplicação do calcário agrícola.

O câmbio afeta a tabela de preços dos adubos. Levantamento junto a sites econômicos mostra que, no último dia 27 de abril, o dólar comercial fechou o pregão em R$ 2,92. Se compararmos com o valor do dia 19 de março, quando atingiu R$ 3,29, houve um recuo considerável na cotação.

Porém, uma ampliação no estudo aponta que, em 30 de outubro, a moeda norte-americana era cotada a valores ainda menores, R$ 2,40.

Essa variação explica em parte o recuo de 48,9% nas importações de adubos e fertilizantes apontadas pelo governo federal, quando da análise da balança comercial brasileira nos primeiros dias de abril desse ano. A equação desajustada afeta as contas nacionais, já que adubo sem correção do solo representa perdas.

Potencializar

Presidente do Sindicato das Indústrias de Calcário e Derivados para Uso Agrícola do Estado de São Paulo (Sindical), João Bellato Júnior aponta a questão técnica como fator primordial na decisão. “O uso do calcário potencializa os fertilizantes. O benefício é muito grande”, disse.

A avaliação técnica do solo deve anteceder a aplicação, que se dá geralmente em intervalos de até dois anos. “Assim a planta aproveita melhor o adubo em cenários como o do Brasil, onde predomina o solo tropical que naturalmente é muito ácido”, avaliou o presidente.

A falta de informação ao agricultor evita a ampliação do consumo de calcário, que, na comparação entre os anos de 2014 e 2013, apresentou números parecidos no Estado de São Paulo – 3,7 milhões de toneladas aplicadas nas lavouras paulistas. Os números preocupam, em função de 2013 não ter sido um ano bom para a indústria de corretivos agrícolas.

“A maioria dos agricultores de São Paulo vem de núcleos familiares, e nesses núcleos falta informação. No primeiro trimestre de 2015, vendemos 15% menos que no mesmo período do ano passado”, comentou Bellato.

Para ampliar a informação, a indústria prepara novos materiais de comunicação, além de ampliar a consultoria técnica aos produtores. Porém, aguarda também que políticas públicas motivem o uso do calcário no Estado.

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